SANTA MARIA — Um incêndio na boate Kiss, no Centro de Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, deixou 232 mortos na madrugada deste domingo. No entanto, ainda
há incerteza sobre o número correto de vítimas que, segundo as autoridades, só
poderá ser esclarecido depois do reconhecimento dos corpos. Inicialmente foi
divulgado pelo Corpo de Bombeiros que o número de vítimas fatais era de 245.
Segundo o delegado Marcelo Arigony, responsável pela investigação, poderia
haver muitos menores entre as vítimas, que teriam entrado na festa com
identidade falsa, já que o evento era para maiores de 18 anos.
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O major do Batalhão de Operações Especiais (BOE), Cleberson Braida
Bastianello, afirmou que 117 pessoas estão hospitalizadas em decorrência do
incêndio, que já é
o segundo maior da história do Brasil. Até o momento, a lista
de mortos não foi divulgada oficialmente.
No momento da tragédia, havia entre 300 e 400 jovens no local, participando
de uma festa universitária. A boate tem capacidade para duas mil pessoas. De
acordo com a GloboNews, o dono do estabelecimento já se apresentou à
polícia.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Guido Pedroso Melo, contou
que cerca de 85 bombeiros que chegaram ao local da tragédia em Santa Maria
encontraram dificuldades em entrar no local.
De acordo com Melo, os bombeiros resgataram cerca de 150 pessoas com vida de
dentro da boate Kiss. Segundo ele, os profissionais encontraram dificuldades em
entrar no local por haver "uma barreira de corpos" próximo à entrada da boate.
Pedroso Melo revela que relatos de jovens teriam dito que a porta da boate teria
demorado de cinco a dez segundos para ser liberada pelos seguranças da
boate.
Segundo Edi Paulo Garcia, capitão da Brigada Militar, 90% dos corpos estariam
nos dois banheiros - um masculino e outro, feminino. Segundo ele, a boate teria
apenas uma saída. Dois caminhões levaram os corpos até o ginásio esportivo da
cidade, que foi isolado pela Brigada Militar para evitar a invasão de parentes e
amigos.
Familiares formaram uma fila de 500 metros em volta do local, para
o reconhecimento dos corpos. O
jornal “Zero Hora” divulgou o nome de seis pessoas que
morreram nos hospitais, após terem sido socorridas na boate.
Quatro militares do Exército estão entre os mortos
Segundo informações preliminares do Ministério da Defesa, quatro militares do
Exército estão entre os mortos no incêndio. Os nomes das vítimas ainda não foram
revelados, mas a Defesa identificou que se trata de um capitão, um tenente e
dois cabos. Nas próximas horas devem ser divulgadas mais informações a respeito
do caso.
O fogo foi controlado por volta das 5h30m, mas às 7h ainda havia equipes no
local, fazendo o trabalho de rescaldo. A polícia e o Corpo de Bombeiros apuram
as circunstâncias que provocaram fogo. Segundo as primeiras informações
divulgadas pelo
site G1, as chamas teriam começado por volta das 2h30m quando
o vocalista da banda que se apresentava fez uma espécie de show pirotécnico. As
faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico e as chamas se espalharam. O
secretário de Segurança do estado, Airton Michels, não confirmou a informação de
que um show pirotécnico teria desencadeado o incêndio.
Seis hospitais fazem atendimento às vítimas
O prédio ficou destruído, mas não existe mais risco de desabamento.
Relatos de sobreviventes mostram como incêndio provocou
pânico. Muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. O
comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido
Pedroso de Melo, disse que
a porta principal da boate Kiss estava trancada na hora do
incêndio. Segundo o jornal “O Diário de Santa Maria”, o local possuiria
apenas uma porta de saída e houve tumulto na tentativa de fuga. Bombeiros e
populares abriram um buraco na parede externa para possibilitar que mais pessoas
consigam sair.
- Era uma porta pequena para muita gente sair - disse Luana Santos Silva, que
estava na boate, à GloboNews.
- Chegou (socorro e polícia) tudo muito rápido - disse Aline Santos Silva,
irmã de Luana.
Profissionais de saúde pedem à população que doe sangue nos hospitais. A
cidade também precisa de voluntários como médicos e enfermeiros para atender os
feridos. O
jornal “Zero Hora” divulgou uma lista com o nome de feridos
que estão nos hospitais. Seis unidades estão fazendo o atendimento às vítimas.
Parentes e amigos percorrem os hospitais em busca de notícias.
De acordo com o jornal "Zero Hora", nove vítimas já estão em Porto Alegre.
Quatro foram levadas por helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) e outras
cinco viajaram em um avião da FAB. Outros feridos devem ser levados para
hospitais de Canoas.
O
“Diário de Santa Maria” informa que, no ginásio do Centro
Desportivo Municipal (CDM), há um Comitê Gestor da Crise que tem dado apoio aos
familiares. Centenas de amigos, pais e familiares estão no local em busca de
informações. O procedimento, segundo o Instituto Geral de Perícias (IGP), é que
as famílias se dirijam até o CDM e se identifiquem.
Tragédia em boate é a maior da história do RS
O jornal “Diário de Santa Maria” relata ainda que, na tentativa de
identificar os nomes, o Instituto Geral de Perícias (IGP) tem colocado
documentos de identificação — como identidade, carteira nacional de habilitação,
entre outros — e celulares nos peitos destas vítimas. De acordo com relatos de
servidores do IGP, muitos telefones dos mortos no ginásio tocam sem parar. O
jornal “Zero Hora” informa que esta já é a maior tragédia do Rio Grande do
Sul.
O Ministério da Saúde acionou a coordenação da Força Nacional do Sistema
Único de Saúde (SUS) para identificar as necessidades médicas de equipes, leitos
e suprimentos para a tragédia no município de Santa Maria. Um grupo de
profissionais especializados em situações de catástrofe está se dirigindo de
Brasília ao local para atuar no caso.
A Polícia Militar do Rio Grande do Sul, segundo informações do site do jornal
"Zero Hora", descolou um grupo de bombeiros que estava trabalhando na "Operação
Golfinho", que atua como salva-vidas no Litoral Norte do estado. Segundo
informações preliminares, estes bombeiros vão ajudar a resgatar mais vítimas que
poderiam existir nos escombros da boate. Não foi divulgado o número de agentes
remanejados.
Plano de Prevenção e Controle de Incêndios estava
vencido
Ao saber da tragédia,
a presidente Dilma Rousseff cancelou a agenda no Chile e já
está em Santa Maria. O
incêndio no Rio Grande do Sul está sendo noticiada pela imprensa
internacional. A tragédia em Santa Maria tem
mobilizado as redes sociais.
Santa Maria é uma cidade universitária porque concentra muitas pessoas da
região e até de outros estados que vão estudar. A Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM) ainda estava em aulas, devido à greve de 2012. Então, é provável
que muitos estudantes estivessem na boate, que começou a queimar por volta das
2h, segundo a Brigada Militar. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,
decretou luto oficial de sete dias por conta da tragédia.
O jornal “Zero Hora” informou que o estabelecimento estava com o Plano de
Prevenção e Controle de Incêndios vencido desde agosto de 2012.
A FGF (Federação Gaúcha de Futebol) cancelou a rodada deste
domingo do Gauchão devido ao incêndio na boate Kiss.
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